Você está fazendo uma boa alocação dos seus ativos?
Ao longo dos últimos meses, muitas foram as notícias que impactaram o mercado de investimentos. O aumento de juros global, alcançando patamares que há muitos anos não se via, bagunçou a vida de muitas empresas e a dos investidores também.
Nesta hora, se os títulos da dívida do governo, considerados ativos livres de risco, remuneram a taxas atrativas, tudo o que o investidor precisa é deixar seu dinheiro na renda fixa e esperar, certo?
Errado.
Errado por alguns motivos, mas principalmente porque diversificar continua sendo a melhor maneira de proteger o patrimônio ao longo do tempo. Uma boa alocação de ativos passa pela diversificação estrutural de mercados, de moedas e também de tipos de negócios.
Claro que existem boas oportunidades na renda fixa que devem ser aproveitadas para uma parte do portfólio do investidor, principalmente para aquele dinheiro que vai ser utilizado em um horizonte mais curto. Mas, para aquele dinheiro de longo prazo, existem muitas oportunidades escondidas também no mercado de ações.
São oportunidades menos óbvias. Por isso é tão importante uma seleção criteriosa, até porque o universo de opções é enorme.
E como encontrá-las?
A busca começa por identificar empresas globais de qualidade.
Empresas de qualidade são empresas essenciais em seus mercados, com alta lucratividade, com capacidade de se reinventar, e com modelos de negócios difíceis de serem replicados. São aquelas capazes de crescer mesmo em cenários adversos.
Pois bem, neste ambiente de juros altos, é importante ter consciência que, empresas de qualidade também vão oscilar. Distinguir bem negócios que se beneficiam, de negócios que se prejudicam nesse cenário é fundamental.
De um lado, existem empresas boas, com muitas oportunidades de crescimento, mas que ainda não geram o caixa necessário para financiar isso. Para estas empresas, ainda estamos em um momento de mercado mais difícil.
Do outro lado, existem aquelas com oportunidades de crescimento, mas que já estão em um estado de maturidade em que precisam de menos capital externo para se financiar. São empresas muito bem posicionadas em seu segmento, e que, em um ambiente inflacionário, ao invés de sofrerem com a inflação, causam a inflação. E para estas empresas, vemos um momento de oportunidade.
Dois exemplos:
Visa é um modelo de negócio que se protege muito bem da inflação. Isso porque a empresa recebe uma porcentagem de cada transação. À medida que os preços aumentam por causa da inflação, o mesmo acontece com a sua receita. Ou seja, o consumidor gasta mais nas suas contas mensais, gerando mais receita para a Visa.
O mesmo acontece com Booking.com, empresa de tecnologia do setor de viagens. Primeiro, por se tratar de uma empresa digital ela sofre menos pressão nos seus custos fixos e se beneficia quando existe inflação. A cada reserva de viagem e hotéis no site a preços mais altos, maior é o valor de receita gerado para a companhia. É simples.
Além da dominância e resiliência nesse cenário, são empresas que conquistam cada vez mais clientes, vivem inovando e são bem geridas.
Longo prazo e disciplina de investimentos são outros bons aliados para aproveitar as oportunidades escondidas.
Em um ambiente de maior volatilidade do mercado acionário, é importante entender que a oscilação não deveria ser uma preocupação para o portfólio de longo prazo.
Até porque volatilidade é diferente de risco. O investidor que tiver a disciplina de separar muito bem seu dinheiro de curto prazo do dinheiro de longo prazo, entende que curto prazo precisa de previsibilidade e pouca oscilação, e longo prazo pode até oscilar, desde que ao longo dos anos cumpra o papel de preservar o patrimônio, recompensando assim o investidor que tem paciência.
São estratégias diferentes que fazem todo o sentido juntas.
Nesta equação de renda fixa e ações não existe alocação certa ou errada, cada portfólio vai variar de acordo com as características, objetivos e prazos de cada investidor. Por isso a diversificação estrutural é necessária. Seja por segurança, por inteligência ou pelos dois.
Conclusão: se a pessoa quiser deixar o dinheiro na renda fixa e esperar, é provável que tudo dê certo. Mas para o bom investidor, com disciplina e visão para enxergar oportunidades, diversificar pode dar ainda mais certo.
Obrigado pela leitura!